'Até hoje me pergunto por que ninguém me defendia dos ataques do meu pai. Hoje, trabalho para proteger crianças e jovens'
M.M., 40 anos, pedagoga
Meu pai era contador e minha mãe, costureira. Morávamos na casa da minha avó paterna, num bairro de classe média de São Paulo.
Ela era a única que me defendia das investidas do meu pai.
Um dia minha avó saiu e ele, bêbado e drogado, me violentou.
Eu fiquei muito machucada, mas a única reação da minha mãe foi colocar o marido para dormir na sala.
Depois disso, meu pai não me molestou mais sexualmente, mas batia freqüentemente em mim e no meu irmão, seis anos mais novo.
Até hoje me pergunto por que ninguém nos defendia.
Aos 14 anos, me casei com um militar, cinco anos mais velho, moço de boa família e sem vícios.
Mas logo ele se transformou num marido violento e, repetindo o comportamento do meu pai, me batia muito.
Mesmo tendo dois filhos pequenos, eu me sentia tão infeliz que tentei suicídio aos 17 anos.
Mas uma vizinha me salvou e, a partir daquele dia, nasceu uma nova M.
Criei coragem e denunciei meus pais para o juizado de menores.
Aos 18 anos, consegui a guarda do meu irmão caçula e me separei.
Comecei uma vida nova e um trabalho social.
Montei um grupo de teatro, chamado P., para levar minha mensagem contra a violência doméstica e o abuso infantil a um número maior de pessoas.
Depois, me formei em pedagogia com especialização em psicologia.
Passei a receber denúncias e encaminhá-las à Justiça, com o objetivo de proteger as crianças.
Logo no início desse trabalho, encontrei quatro meninos em situação de risco. Dois voltaram a viver com os parentes, um morreu e eu fiquei com o T., a primeira das 27 crianças que adotei.
Me casei de novo, com E., com quem descobri uma nova forma de amar, baseada no carinho e no respeito.
Ele me fez sonhar de novo e da nossa união nasceu a P., que tem 15 anos.
Do primeiro casamento, tenho a M., de 20 anos, e o M., de 19.
Ao todo temos 30 filhos.
Em 1994, a Parábola foi registrada como organização não-governamental e tornou-se referência mundial na área de violência doméstica.
Já recebemos e investigamos cerca de 6 mil denúncias de abuso.
Oitocentas crianças e jovens receberam tratamento integral ou parcial.
Esse trabalho foi a melhor forma de transformar a minha dor.'
M.M., 40 anos, pedagoga
Meu pai era contador e minha mãe, costureira. Morávamos na casa da minha avó paterna, num bairro de classe média de São Paulo.
Ela era a única que me defendia das investidas do meu pai.
Um dia minha avó saiu e ele, bêbado e drogado, me violentou.
Eu fiquei muito machucada, mas a única reação da minha mãe foi colocar o marido para dormir na sala.
Depois disso, meu pai não me molestou mais sexualmente, mas batia freqüentemente em mim e no meu irmão, seis anos mais novo.
Até hoje me pergunto por que ninguém nos defendia.
Aos 14 anos, me casei com um militar, cinco anos mais velho, moço de boa família e sem vícios.
Mas logo ele se transformou num marido violento e, repetindo o comportamento do meu pai, me batia muito.
Mesmo tendo dois filhos pequenos, eu me sentia tão infeliz que tentei suicídio aos 17 anos.
Mas uma vizinha me salvou e, a partir daquele dia, nasceu uma nova M.
Criei coragem e denunciei meus pais para o juizado de menores.
Aos 18 anos, consegui a guarda do meu irmão caçula e me separei.
Comecei uma vida nova e um trabalho social.
Montei um grupo de teatro, chamado P., para levar minha mensagem contra a violência doméstica e o abuso infantil a um número maior de pessoas.
Depois, me formei em pedagogia com especialização em psicologia.
Passei a receber denúncias e encaminhá-las à Justiça, com o objetivo de proteger as crianças.
Logo no início desse trabalho, encontrei quatro meninos em situação de risco. Dois voltaram a viver com os parentes, um morreu e eu fiquei com o T., a primeira das 27 crianças que adotei.
Me casei de novo, com E., com quem descobri uma nova forma de amar, baseada no carinho e no respeito.
Ele me fez sonhar de novo e da nossa união nasceu a P., que tem 15 anos.
Do primeiro casamento, tenho a M., de 20 anos, e o M., de 19.
Ao todo temos 30 filhos.
Em 1994, a Parábola foi registrada como organização não-governamental e tornou-se referência mundial na área de violência doméstica.
Já recebemos e investigamos cerca de 6 mil denúncias de abuso.
Oitocentas crianças e jovens receberam tratamento integral ou parcial.
Esse trabalho foi a melhor forma de transformar a minha dor.'
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