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Nossas Histórias

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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Relato da Luana

Oi meu nome e Luana tenho 20 anos, quase 21 na verdade,fui estuprada aos 18 anos, não sou muito boa com depoimentos,mas vou tentar escrever um pouco sobre essa imensa dor, que pairou durante meses na minha vida, e hoje embora superada, as cicatrizes
ainda vivem, feridas tão profundas que as marcas tanto físicas quanto emocionais, continuam cravadas na pele e na alma.
Eu tinha 18 anos, estava no primeiro semestre da faculdade, morava com uma amiga numa casa alugada pois tive que mudar de cidade para cursar o ensino superior.
Em pouco tempo fiz alguns amigos, eu sempre fui muito determinada e corajosa, então como trabalhava de dia, cursava a noite, costumávamos voltar de van, ou de carona com algum colega de classe. Quase no fim do semestre conheci um rapaz em uma festa que vou chamar de J., tínhamos alguns amigos em comum, ele cursava a mesma faculdade que eu, só que outro curso (medicina) não posso dizer que ficamos amigos mas éramos conhecidos.Um dia eu e uma colega esperávamos a van e ele e outro amigo passaram de carro e nos ofereceram carona, nos aceitamos, minha colega morava perto da faculdade então logo ela desceu e nós continuamos a viagem.
O amigo dele que estava no banco de traz não parecia muito bem, bêbado ou drogado talvez, não tenho certeza. Depois que minha colega desceu J. mudou sua atitude, passou a querer encostar em mim, parou o carro e tentou me beijar, como eu não quis, ele ficou muito bravo, eu desci do carro e discutimos na rua. Ele mais uma vez tentou me agarrar como eu não cedi, ele começou a me agredir, puxava meu cabelo e batia no meu rosto, eu tentava fazer com que ele me soltasse, mas ele era muito maior e mais forte que eu. Ele me arrastou até a beira da estrada onde tinha um mato, me bateu e me estuprou. Ele me machucou muito e eu acabei desmaiando e, por isso, graças a Deus, não me lembro de muita coisa. Quando acordei já estava a caminho do hospital, no outro dia foram alguns policiais pra fazer a denúncia, já que o hospital tinha notificado a brigada sobre a agressão. Mas eu por medo, mais ainda vergonha pensando em que eu podia perder a faculdade, pois certamente meus pais me fariamvoltar pra casa, decidi não registrar a queixa.
Depois de alguns dias saí do hospital, meu corpo estava se recuperando, mas minha mente mergulhava cada vez mais numa depressão profunda. Ficava trancada em meu quarto a maioria do tempo, chorava muito e quase não dormia, desenvolvi bulimia nervosa e nada parava no meu estômago, em menos de 3 meses tinha emagrecido quase 20 kg, minha amiga vendo que eu só piorava, resolveu telefonar e contar o que estava acontecendo aos meus pais.
Eles vieram assim que puderam e me levaram de volta pra casa, me levaram a médicos pra tratar da bulimia e da depressão, foi quando descobri que estava grávida. Eu não havia desconfiado, pois a falta de menstruação podia estar ocorrendo devido à bulimia.
Quase enlouqueci, não queria ter o bebê, mas sempre considerei o aborto uma coisa horrenda então decidi que nós dois morreríamos, tomei uma cartela inteira de antidepressivos com álcool, sem sucesso, acabei cortando os pulsos algumas semanas depois e ficando dias internada no hospital.
Acabei me recuperando, a criança, graças a Deus também estava bem, isso eu já estava om uns 5 meses, e quando eu senti o bebe mexer pela primeira vez, e mexia muito forte, como se disse-se: Hey se cuida eu to aki! Logo descobri que seria uma menina e passei a mudar meu conceito sobre aquela criança, conforme o tempo foi passando,e eu via e sentia todo o apoio e amor dos meus pais pra mim e pra aquela menina que crescia dentro de mim, passava a gostare me afeiçoar mais a ela.
Quando ela nasceu eu já não havia mais como fruto daquele dia tão horrendo, ela era um bebê lindo, rosado e forte, era parte de mim, um ser que dependia totalmente do meu amor e do meu carinho.
Naquele momento, entendi o que era ser mãe, e que Deus nunca nos abandona, que podemos sofrer, mas ele sempre dará um jeito de amenizar nossa dor, infelizmente minha história não terminou aqui, reabri o processo, o que trouxe um dolorido contato com o agressor, que relatarei outro dia .

Bjus a todas e lutem sempre!

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