...Não sei ao certo quando começou, aliais fiz questão de esquecer.
Tinha mais ou menos 10 anos de idade. Era de manhã quando brincava pela casa, subi no 1º andar, meu irmão (nove anos mais velho estava deitado em uma cama de campanha, me chamou e pediu para que eu tirar (espremer) espinhas que ele tinha nas costas. Ele estava de, short, sem camisa, espremi 02 ou 03 espinhas meio sem jeito e ele me pediu para fazer o mesmo em mim. Disse-lhe que não tinha e ele me pediu para ver, insistindo. Eu permiti. Percebi que ele desceu a mão e alisou por entre as minhas pernas de maneira rápida. Eu me assustei e aproveitei algumas pessoas falando e corri enquanto ele dizia: “Peraí, peraí, vem cá!”. Desci os degraus mais que depressa quando cheguei em baixo, minha irmã (seis anos mais velha) foi entrando em casa e eu resolvi que ia contar tudo a Ela. Não consegui, as pernas tremeram, esbarrei em minha timidez, fiquei com medo de que achasse que eu o tinha provocado. TIVE MEDO! Ai começou meu inferno que dura até hoje.
Em 1972, após 21 anos de casamento e 9 filhos meus pais se separaram, sou a oitava. Três (03) ou quatro (04) anos depois passei a trabalhar para ajudar minha mãe. Ela dizia que os filhos eram o maior transtorno da vida dela. Tenho certeza até hoje de carregar um complexo de culpa muito grande, junto com o de rejeição. Naquela época eu muitas vezes trabalhava sozinha em cima de um banco para poder ficar maior e atender melhor os clientes. Minha vida era da escola para loja e da loja para casa almoçava muitas vezes dentro da loja como lá também fazia os meus deveres, de casa. Não tinha brinquedos, não me permitiam ter amigos ou colegas, pois poderiam me colocar contra minha mãe, senhora absoluta e ditadora de normas e regras. Meu único divertimento quando ela me deixava era assistir TV. Minha mãe inventou de estudar à noite para encobrir seu comportamento pornográfico para uma Empresária, mãe de 09 filhos que muitas vezes varava a noite em boates de quinta categoria - e eu a via chegando as 5:30hs. da manhã, na hora que eu estava indo para missa levar minha tia que morava conosco.
Minha vida tornou-se um inferno quando meu irmão então envolveu-se com roubo de toca-fitas e arruaças em um Estado vizinho, ele foi preso, não sei quanto tempo ele passou. Acho que não chegou há 01 mês, ele voltou e começou a me perseguir à noite, quando as pessoas dormiam. Ele vinha se chegando, começava a pegar nos meus peitos, passava a mão em minha bunda, introduzindo o dedo em meu ânus fazendo eu masturba-lo. Em seguida ele se trancava no banheiro e lá passava horas, com umas revistas de sacanagens.
0 meu relacionamento com minha mãe era um abismo. Ela queria a liberdade e os filhos eram naturalmente um empecilho ao processo que ela queria vivenciar. Nunca recebi nem uma forma de carinho dela, e não a perdôo pelo "presente de grego" que ela me proporcionou, para que sobrasse dinheiro para suas “putarias", farras e para gastar "com bebidas e homens. Ela permitiu que o verme do meu irmão dormisse em minha cama.
Desejei tantas vezes morrer. Não sabia como se engravidava, as vezes achava que estava grávida só por ele colocar o dedo em meu ânus. Bloqueei todos os tipos de reação ou sensação que isso pudesse causar. Me sentia suja, imunda, nojenta, achava que só ao olhar para mim as pessoas iriam descobrir. Entristeci-me para vida, para o mundo. Minha Mãe ocupada demais para qualquer coisa inclusive para se dar conta que meu irmão era um pervertido e na calada da noite até mesmo com ela dormindo na cama ao lado ele me molestava.
Em uma das noites malditas, esse pervertido foi mais além: introduziu seu pênis em meu ânus, aumentando mais ainda minha re- pulsa, minha revolta e o nojo que sentia de mim mesma.
Durante todo o tempo que isso aconteceu não existia diálogo, ele simplesmente atacava-me nas portas da geladeira, do banheiro ou vendo TV e o mais cruel era saber que na cama ao lado dormia minha mãe, que ela consentia ele dormir comigo em uma cama de solteiro.
Tentei inúmeras vezes criar coragem para falar pois sempre tive a certeza que minha mãe não iria acreditar. Estava certa.
Quando eu tinha 19 anos ela soube e disse: “Não acredito que houve isso e se houve foi culpa sua”.
Um certo dia houve um surto de doença venérea entre meus irmãos e foi assim que eu mesma passei toda vez que ele chegava eu repetia continuadamente: doença venérea, doença venérea, doença venérea... até ele sair de junto de mim. Parece que isso lhe dava medo e ele só respondia: “Cala boca, não fale isso, eles vão descobrir. "
Sinto-me hoje melhor de poder dividir em palavras escritas, como foi que tudo aconteceu, sabendo que este fato pode ajudar outras pessoas a se livrarem, se libertarem do abuso sexual.
Eu queria ter sido uma criança, uma adolescente e uma adulta normal, sem precisar ter passado por isso. Estou recomeçando a minha terapia, pois tornei-me uma pessoa agressiva e incrivelmente defensiva ao- ponto de dificultar minhas relações sociais e amo- rosas. Minha maior revolta e ver que até hoje passados 25 anos minha mãe continua acolhendo-o e ele continua aliciando menores, meninos e meninas com menos de 10 anos de idade, que como eu cedem por medo ou sei lá o que, e satisfazem os prazeres sórdidos de um aliciador profissional.
muito triste sei bem como é isso e nem tenho coragem de procurar ajuda o mais difícil é q também fiquei super agressiva mas não é sempre preciso muito de ajuda
ResponderExcluirAmiga, é realmente muito brutal e cruel esse tipo de violência. Se vc quiser desabafar,pode me escrever no e-mail: beatriza67@gmail.com
ResponderExcluirNão se preocupe com a discrição...essa é a minha ética. Talvez eu possa te ajudar, já que passei por essa violência durante mais de 20 anos. Muita força para vc e um grande abraço. Bya
A minha dúvida é seguinte: por que ela não denuncia o irmão para polícia?
ResponderExcluirO desfecho dessa história mostra que esse homem continua fazendo outras vítimas.
Ele é um criminoso em ação, que precisa ser detido.
Porque o descrédito de muitos é alto...as nossa emoções estão totalmente minadas. Não é tão fácil como pode parecer, já que o assunto continua sempre sendo um tabu...Abraço, Bya.
ResponderExcluir