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Nossas Histórias

ESSE BLOG É PARA CONTARMOS AS NOSSAS HISTÓRIAS, MOSTRAR A NOSSA LUTA E A NOSSA VITÓRIA...

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Anônimo...

Recebi esse pequeno texto como um comentário da postagem anterior. Um texto que não deixa de ser um depoimento...Bya.

Deixa eu desabafar.
Quando alguém perde a infância, perde-a pra vida toda.
Não da para lembrar-se de momentos felizes, quando os tristes são mais fortes.
Uma surra se apaga com carinhos e cuidados que se apagam com torturas e desprezo.
Uma palavra dita e não ouvida, é tormento para os ouvidos que ficam ecoando tais palavras de quem as falou.
Triste vida de quem não foi ouvida...
Um grito da alma, a dor de quem perdeu algo que nunca nem conquistou.
Eu acho que sabia que essa dor não ia passar, mas esperava que passasse, e a cada dia doía mais.
A dor de não conseguir superar outra dor, é forte e me sinto incapaz.
Quem me fez incapaz? Quem perguntou se eu queria?
Eu queria ser criança, eu queria ser amiga e quando crescesse ser esposa, princesa, feliz...
Não da pra fazer alguém feliz, sendo triste. Triste a dor de quem nunca vai ser motivo de felicidade na vida de alguém.
Se eu soubesse que seria assim... Não seria eu... Escolheria ser outra pessoa. Mas ninguém quis saber...
Escrevo e choro, queria ter a chance de uma infância diferente, uma que eu escolhesse, sem luxo, sem riqueza com amor, sem fazer amor. Eu fazia ódio, mas não sabia.
Uma criança inocente, um adulto covarde e um segredo revelado.
Quem poderia me ajudar, criança inventa cada uma, e eu inventava coisas feias demais pra uma menininha.
A criança não quer, o adulto insiste e o mau foi implantado na vida da criança.
Do adulto não, ele sabia o que queria e nunca se arrependeu.
Criança sincera, adulto mentiroso e o futuro monstruoso.
A Criança sente medo, o adulto o prazer. Mas prazer acaba, e ele vai querer de novo, e de novo. O medo fica.
Coitada da menina, que tinha mãe, que tinha pai...Pai que pai?
O pai que dava carinho amor, não deixava passar fome,mas cobrou um preço muito alto, a menina vai pagar a vida toda.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

SOBREVIVENTE DA ESCURIDÃO / GRUPO CHEGA DE VIOLÊNCIA CONTRA A CRIANÇA

Eu fui uma de tantas crianças que foram abusadas sexualmente na infância por meu pai.

Não fui a primeira nem a última.

Antes de me abusar, ele já abusara de crianças e adolescentes, tanto na família de origem dele como na da minha mãe.

Minhas lembranças de ter sido abusada por ele, vêm desde a época que eu ainda ia ao jardim de infância. Meu pai me assediava diariamente e esta tortura durou por toda minha infância e também adolescência, quando comecei a tentar me esquivar dele e a protestar contra suas investidas.

Como é comum de abusadores deste tipo, desde pequenina meu pai fazia chantagens emocionais comigo, pedia que eu guardasse segredo, como prova de meu amor por ele, pois caso contrário ele afirmava que seria preso.

Ele dizia que as pessoas não entenderiam este amor dele por mim.

Segundo ele, este amor que ele dizia sentir por mim era o maior que ele já tivera.

Ele dizia não sentir amor por minha mãe e sim por mim.

Meus conceitos de certo ou errado, ficaram afetados por muitos anos, pois o conflito de querer acreditar que meu pai estava certo, como toda criança acredita e a sensação de que algo estava muito errado, por causa do segredo que ele me fazia guardar, fizeram com que eu tivesse uma percepção muito distorcida da realidade durante a minha infância.

Jamais consegui ter proximidade com minha mãe ou ser amiga dela, nem eu sentia que ela era minha amiga, pois meu pai dizia que se ela sentiria muitos ciúmes e raiva de mim se um dia soubesse que ele amava mais a mim do que a ela.

Assim, como defesa, eu passei a sentir raiva dela desde criança.

Anos mais tarde, quando eu já era adulta, fiquei sabendo que ela tinha conhecimento de que meu pai abusara de pessoas na família dela também, antes de eu nascer.

Sabendo disto não consegui mais ter respeito por ela depois de perceber que, apesar de ela saber que meu pai continuava a abusar sexualmente de crianças, ela ainda insistia tanto em querer ficar ao lado dele.

Acho importante transmitir às pessoas o quanto o abuso sexual se estende para muito além do próprio abuso sexual.

Isso afeta a vida das pessoas no sentido mais intenso e mais extenso que qualquer tipo de violência pode causar, ao mesmo tempo que deixa a pessoa viva para sofrer a dor do abandono, da traição e do desamor.

Minha baixa auto estima, meu sentimento derrotista e minhas dificuldades de relacionamentos culminaram em uma forte depressão aos meus 26 anos, quando fui abandonada por um namorado, que apesar de ser médico, dizia não conseguir conviver com meus estados depressivos.

Como muitas das vítimas de abuso sexual na infância, eu também não quis mais viver…

Após longo período de hospitalização, psicoterapia e antidepressivos, tive retomada a vontade de viver.

Mas o principal motivo, foi acreditar que eu era amada por aqueles que me socorreram: meus próprios pais.

Pedidos de desculpas, foram encarecidamente apresentados, assim como cumprimentos de novenas e promessas de que meu pai jamais abusaria sexualmente de qualquer pessoa novamente, em troca do meu perdão.

Ele se declarava "curado"!

Jurava que eu podia acreditar nele a partir de então.

Eu era a pessoa que mais queria acreditar nisso.

Eu acreditei que a iminência da minha própria morte o fizera perceber o quanto ele havia me machucado e o perdoei tentando recomeçar uma vida nova.

Eu não fazia idéia ainda, de que a história acontecida comigo voltaria a se repetir por muitos anos afora.

Mais tarde, depois de perceber toda a farsa, ao me dar conta de que ele voltara a abusar sexualmente de crianças, passei anos me debatendo em brigas com meu pai e ele tentando convencer as pessoas de que eu era louca.

Todas as tentativas de fazer com que as pessoas acreditassem em mim foram inúteis.

As pessoas da minha família achavam que eu tinha uma obsessão em suspeitar dele por causa do que eu havia vivido na infância.

Fiquei mais uma vez isolada, desta vez por trazer a verdade à tona e tentar proteger novas vítimas.

Sem as interferências negativas de minha família, consegui me fortalecer, apesar de ter carregado ainda por muitos anos o sentimento de culpa de que se um dia eu fosse tornar pública uma denúncia contra meu pai, eu iria destruir minha família.

Apesar disso, a idéia não me saia da cabeça, pois eu sabia que ele continuava a molestar crianças, mas eu me sentia ainda acuada e isolada para tomar uma atitude em relação a isso.

Tudo mudou, quando tomei conhecimento da ASCA, uma organização de sobreviventes de abuso sexual na infância aqui na Austrália.

Ao ouvir as histórias de outras sobreviventes, me dei conta de como minha história se repetia na vida de tantas outras pessoas que eu nem conhecia e também de como ficava mais claro olhar de fora a experiência destas pessoas e analisar meus próprios traumas.

FORTE...DEPRIMENTE...PORÉM REAL.

Os monstros da minha casa: Desenhos de crianças retratando o abuso que sofreram

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Esses são os desenhos da exibição bizarra e comovente "os monstros da minha casa" que aconteceu em Outubro de 2010, na Espanha. Várias crianças que sofreram abusos sexuais fizeram esses desenhos acompanhados por especialistas, que interpretaram as imagens.

Andreu, 8 anos
Foi abusado pelo padrasto desde os 4 anos. No desenho ele representa ele mesmo em pânico, e dá atenção especial ao zíper da sua calça e os botões de sua camisa, que pra ele representam um símbolo de quando os atos sexuais iriam começar.

Fernando, 13 anos.
Ele foi abusado pelo seu pai desde cedo, e agora mora com a mãe, que conseguiu fazer ele se recuperar bem. Ele desenhou o pai como um demônio em um bar, bebendo cerveja e jogando em caça-níqueis. Os riscos saindo do demônio representam o cheiro de álcool. Fernando sente raiva quando mencionam o pai perto dele.

Elena, 6 anos.
Elena sofreu abusos sexuais do seu pai. Agora ela vive com a vó. No desenho, ela coloca sua avó e sua mãe bem grandes. Ela se sente protegida perto das duas. Ela também representa o seu pai transando com ela, bem pequeno, em cima das letras.

Miriam, 9 anos
Sofreu abuso psicológico. Sua mãe chegou na Espanha com 15 anos de idade e grávida dela. Ela era uma minoria racial por lá, e ela sofreu abusos dos colegas de classe por conta de sua etnia. Ela é a menor pessoa do desenho, que está envolvida com alguma coisa, representando sua solidão. No canto ela tinha escrito "me sinto sozinha" mas apagou porque tem vergonha disso.

David, 8 anos
Ele sofreu abuso sexual. No desenho, ele destaca os olhos e o pênis do agressor. Ele escreve também "marica" e "chupa-rolas". O agressor falava isso enquanto o estuprava.

Isabel, 8 anos
Foi abusada sexualmente pelo pai. No desenho ela retrata o momento do abuso. O pai colocou ela em uma cadeira pra penetrá-la por trás. Na parte superior da imagem, ela retrata o irmão mais novo dela, que ficou vendo tudo acontecer pela porta.

Joan, 8 anos.
No desenho ele coloca o cara que estupro ele numa gaiola, fechada com um cadeado, e a chave (no canto superior direito) protegida por espinhos, pra ninguém conseguir pegar.

Marina, 5 anos.
Era abusada pelo pai, que também obrigava ela a assistir filmes pornô. No desenho, ela retrata um dos filmes que ela assistiu. Ela disse ao especialista que nesses filmes as pessoas "ficavam peladas e faziam coisa feia".

Ester, 9 anos
Ela desenhou a posição que tinha que ficar quando o seu pai abusava dela.

Toni, 6 anos
O especialista pediu pra ele desenhar o cara que abusou dele. Ele disse "é um monstro". Destacou o pênis ejaculando.

Andrea, 10 anos
Representou como eram os abusos, onde ela tinha que tocar o pênis do cara, e ele tocava a vagina dela. Ela ficou com vergonha de responder as questões do psiquiatra, e aceitou escrever as respostas no desenho, por isso os "sims" e o não.

Victor, 7 anos
Ele era obrigado, aos 4 anos de idade, a fazer sexo oral no seu pai. A linha que sai da boca dele e vai até o pênis do pai representa a sua língua.

sábado, 21 de setembro de 2013

YURI

O irmão mais velho de Yuri era a menina dos olhos da mãe e nunca fazia nada de errado. Frequentemente, eles ficavam sozinhos quando a mãe saía à noite para trabalhar num bar. Em sua ausência, o irmão de Yuri transformava-se de anjo em monstro, que aterrorizava os irmãos por meio de força física e violência. À medida que Yuri foi ficando mais velho, o irmão começou a separá-lo dos outros para abusar sexualmente dele. Isso se tornou rotina todas as noites em que a mãe saía para trabalhar. Yuri estava muito aterrorizado para revelar qualquer coisa, por medo da violência do irmão. Ele, então, se fechou no silêncio. Mostrava-se obediente, prestativo e sempre pronto para agradar. Nunca ficava com raiva e era extremamente dócil. Sob muitos aspectos, era um modelo de criança.
O que a mãe não sabia era que Yuri se sentia tão profundamente envergonhado que acabou se escondendo e se afastando dos colegas e de todas as atividades sociais. Ele se tornou muito estudioso e o que mais desejava era ficar em casa trancado em seu quarto, estudando ao computador. Yuri, porém, passou a ficar tempo demais no quarto, sobretudo depois das agressões sexuais. E não era para estudar. Yuri pegava uma lâmina de barbear e começava a ferir o pênis e os escrotos. Isso passou despercebido durante algum tempo, até que em uma noite sua mãe entrou no quarto e o viu desmaiado em meio a uma poça de sangue. Levado ao hospital às pressas, os médicos conseguiram salvar a vida de Yuri e sugeriram que ele fosse internado para passar por um tratamento psiquiátrico. Foi então que a mãe de Yuri veio a descobrir a extensão do abuso sexual que tinha acontecido por vários anos e o impacto que isso tivera sobre ele.

ABUSO SEXUAL EM CRIANÇAS
CHRISTIANE SANDERSON








quarta-feira, 18 de setembro de 2013

TOMAS

Tomas sempre idolatrara o pai. Para ele, tratava-se de um herói universalmente amado por todos e que tinha um certo status na comunidade como "um cara realmente legal". Quando Tomas tinha 15 anos, seu irmão mais velho lhe contou que o pai abusara dele a partir dos 6 anos de idade. Tomas se recusou a acreditar nisso. Não o seu pai, ele não seria capaz de fazer uma coisa dessas. Tomas continuou a não acreditar no irmão por muitos anos - até que um sobrinho e uma sobrinha revelaram que estavam sendo abusados pelo avô. Tomas não podia mais negar a realidade. Esse fato, porém, causou uma enorme ruptura entre os irmãos e a dúvida em contar a triste realidade para a mãe. Tomas acreditava que a mãe ficaria tão furiosa e enraivecida com o pai quanto ele estava, mas logo descobriu que ela, na verdade, já vira o marido abusando do neto e recusara-se a acreditar no que estava diante dos seus olhos. Desnecessário dizer que o mundo do Tomas caiu por terra, pois ele era então incapaz de acreditar em suas próprias percepções ou no relacionamento com a mãe ou o pai.

ABUSO SEXUAL EM CRIANÇAS
CHRISTIANE SANDERSON